A Música – por Léon Dênis
A
música é a voz dos céus profundos. Tudo no espaço traduz-se em vibrações
harmônicas, e certas categorias de espíritos não se comunicam entre si senão
através de ondas sonoras.
A
sinfonia e a melodia não são na Terra senão ecos enfraquecidos e deformados dos
concertos celestes. Nossos mais perfeitos instrumentos possuem sempre alguma
coisa de mecânico e de duro, enquanto que os processos de emissão do espaço
produzem sons de infinita delicadeza.
É
por isso que em todos os graus da escala dos mundos e da hierarquia dos
espíritos a música ocupa lugar considerável nas manifestações do culto que as
almas prestam a Deus. Nas esferas superiores, ela se torna uma das formas
habituais da vida do ser, que se sente mergulhado nas ondas de harmonia de
intensidade e suavidade inexprimíveis.
Quando
das grandes festas no espaço, dizem-nos nossos guias espirituais, quando as
almas se unem aos milhões para prestarem homenagem ao Criador, na irradiação de
sua fé e de seu amor, delas escapam eflúvios, radiações luminosas que se
colorem de várias tonalidades e se transformam em vibrações melodiosas. As
cores transformam-se em sons, e dessa comunhão dos fluidos, dos pensamentos e
dos sentimentos desprende-se uma sinfonia sublime, à qual respondem os longínquos
acordes vindos das esferas, dos inúmeros astros que povoam a imensidão.
Então,
do alto descem outros acordes, ainda mais possantes, e um hino universal faz
estremecerem céus e terras. À percepção desses acordes o espírito se dilata e
se regozija; ele se sente viver na comunhão divina e entra num encantamento que
chega ao êxtase.
(Capítulo
6 do livro “O espiritismo na arte” - Léon Denis)
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