O adolescente na busca da identidade
Reencarnando‐se, para reparar os erros e edificar o bem em si mesmo, o Espírito
atinge a adolescência orgânica, vivenciando o transformar de energias e hormônios
sutis quão poderosos, que o despertam para as manifestações do sexo, mas também
para as aspirações idealistas, desenvolvendo a busca da própria identidade.
Carregando a soma das personalidades vividas em outras
reencarnações, a sua identificação com o mundo atual demanda tempo e amadurecimento,
mediante os quais pode aquilatar quem realmente é e o que legitimamente deseja.
Não tendo o discernimento ainda para eleger o que é melhor,
quase sempre se entrega à busca do mais imediato, porque mais simples,
procurando acomodar‐se às manifestações fisiológicas do comer, dormir, praticar
sexo, vencer o tempo sem grande esforço. Trata‐se de um atavismo pernicioso, que deve ser melhor
direcionado, a fim de que seja descoberta a finalidade da existência e como
alcançar esse patamar que o aguarda.
Se o lar oferece segurança afetiva e compreensão, o
adolescente tem facilidade para selecionar os valores e aceitar aqueles que lhe
são mais favoráveis para o progresso. Todavia, se o grupo familiar é
traumatizante, foge para comportamentos oportunistas, que parecem afugentar as
mágoas e libertá‐lo
do cárcere doméstico.
A busca da identidade no adolescente é demorada, qual
ocorre com o indivíduo em si mesmo, prolongando‐se pelo período da razão, amadurecimento e velhice. Por
isso mesmo, nem sempre a avançada idade biológica é sinônimo de sabedoria, de
equilíbrio. Jovens há, maduros, enquanto idosos existem que permanecem
aprisionados na criança caprichosa e renitente da infância não ultrapassada.
De um lado, existe o interesse familiar, que trabalha para
o melhor do educando, mas por outra parte se encontra o grupo social, nem
sempre equilibrado, na Escola, no Clube, na rua, no trabalho, conspirando
contra as atitudes saudáveis que se deseja oferecer e que naturalmente atraem o
adolescente, porque ele gosta de ser igual aos demais, não chamar a atenção, ou
quando, em conflito, quer destacar‐se, exibir‐se, exatamente porque vive inseguro, experimenta dramas,
que mascara sob a desfaçatez, o cinismo aparente...
Invariavelmente o Espírito reencarna
para dar prosseguimento a tarefas que ficaram
interrompidas, e ressurgem nos painéis mentais como aspirações e tendências mais
acentuadas. Outras vezes, no entanto, deve começar a experimentar atividades novas,
mediante as quais progredirá no rumo da vida e de Deus.
Na fase da insegurança pela adolescência, toda a vigilância
é necessária, de modo a auxiliar o jovem a encontrar‐se e a definir o seu
ideal de vida, entregando‐se‐lhe confiante e rico de perseverança até conseguir a meta
ambicionada.
Joana
de Angelis, no livro Adolescência e Vida