Caro amigos,
hoje refletiremos a cerca de Paulo de Tarso e um pouco de seus ensinamentos deixados à todos nós.
Paulo de Tarso e a
juventude
MARCUS VINICIUS DE AZEVEDO BRAGA
acervobraga@gmail.comBrasília, DF (Brasil)
Paulo, o apóstolo dos gentios, foi um dos personagens mais marcantes na história do Cristianismo. Deixou-nos de herança, além de belos exemplos de vida, de conversão e de luta incessante na divulgação da mensagem do Cristo, escritos profundos, nas suas famosas cartas, cujos trechos inspiraram músicas e mensagens mediúnicas.
Uma delas, em especial, a
primeira carta aos Coríntios (habitantes de Corinto, na Grécia), no capítulo 6,
versículo 12, apresenta uma de suas insignes sentenças: “Tudo me é lícito,
mas nem tudo me convém”.
Nessa singela frase, Paulo
apresenta a liberdade de proceder do ser humano, Espírito encarnado e
cocriador. Contudo, aponta também as limitações da Lei divina, do convívio com
o próximo, onde essa liberdade é cerceada pela questão da conveniência e da
oportunidade. Apresenta aí a justificativa perene que nós temos em nossas
reflexões, cotidianamente, diante de uma decisão a ser tomada.
Em relação à juventude, essa
máxima se reveste de um significado especial. Afinal, no processo de
desenvolvimento do Espírito encarnado, é na juventude que ampliamos a nossa
autonomia, a nossa possibilidade de exercer a vontade. Entretanto, ao mesmo
tempo, nesse período nos vemos no processo de construção do nosso juízo,
representado folcloricamente pelo nascimento dos dentes denominados “cisos”,
mas que se trata sim da questão de nos sabermos capazes de algo, mas que ainda
assim ele não deve ser feito. Um passo marcante da conquista da maturidade.
Podemos exemplificar essa
assertiva de Paulo de Tarso em três dimensões interligadas, aplicadas à
vivência da juventude. A do QUERER, a do PODER e a do DEVER. Uma divisão
didática de três fases da vida do jovem, no exercício de sua liberdade e na construção
de sua responsabilidade, a capacidade de responder por.
O querer é o indicativo da opção.
É dentre os diversos caminhos, escolher algo por si só, longe do direcionamento
aplicado costumeiramente à criança. Obviamente, nenhuma escolha é totalmente livre
nesse contexto e o querer do jovem, diferente da criança, na maioria dos casos
não sofre grande influência da família e sim do seu grupo de referência, que
pode ser da escola, do esporte ou da prática religiosa, ainda que o jovem
acredite decidir apartado de influências.
A dimensão do poder é onde o
jovem possui não só a vontade, mas a possibilidade de fazer algo. É o momento
onde ele adquire a capacidade de tornar realidade o que ele escolheu, residindo
aí os maiores riscos, das escolhas e caminhos errados, onde a inconsequência na
busca por loucuras desenfreadas pode afetar seriamente a sua encarnação.
Por fim, a questão do dever é
onde o jovem busca a sua consciência e avalia se aquilo que ele quer e pode
fazer é realmente pertinente. É o desenvolvimento da capacidade de avaliar
situações a si apresentadas e que postura deve adotar. A rebeldia natural da
juventude, o desejo de transgressão na busca de afirmação de personalidade
interferem nessa questão, inibindo essa capacidade de julgar o certo e o errado,
pelo desejo de se fazer o que não se deve, pautado por outras motivações.
Essa sequência de
QUERO-DEVO-POSSO é fundamental para a reflexão do Espírito encarnado, para o
seu processo evolutivo, em especial no período da juventude, onde aumenta o leque
de escolhas e a capacidade de escolher e fazer, ainda que tenha incipiente a
noção de julgar o que deve ser feito, ou não. É uma época de diversões, de
sensações, de cantos de sereia e bifurcações no caminho, em lutas necessárias,
mas que devem nos trazer como dividendos as lições aprendidas. Errar sem
aprender é extremamente danoso... Melhor aprender sem errar.
Por isso, cabe aos pais e educadores trabalhar com
os jovens esse processo de construção de sua autonomia de saber o que
quer-deve-pode e não aprisioná-los em uma redoma, longe do mundo, privando-o do
exercício dessa tríade tão necessária, ainda que às vezes se faça por processos
dolorosos.
A lição de Paulo de Tarso de que
devemos sopesar a conveniência diante das possibilidades é um farol na nossa
caminhada no mundo, e aos jovens, saindo da proteção do núcleo familiar para
enfrentar as agruras e alegrias da vida adulta, se apresenta a sentença como
basilar, para que saibam estes o que querem, até onde alcançam e se aquela
atitude é a que o Cristo espera de nós, relembrando outra importante frase de
Paulo, na sua conversão à porta de Damasco, quando pergunta ao Cristo: “Senhor,
o que queres que eu faça?”
Uma mensagem da revista OConsolador
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