Um livro esquecido: A Gênese,
de Allan Kardec
Tesouros imensos
de conhecimentos estão presentes nas páginas luminosas do último das cinco
obras básicas da Codificação Espírita organizada por Allan Kardec. Seja pelo
extraordinário capítulo I – Caráter da Revelação Espírita, com considerações de
grave importância para o entendimento
da proposta do Espiritismo, seja pelos
capítulos II – Deus e III – O bem e o mal, ou pelos preciosos textos do
subtítulo Os Milagres (capítulos XIII ao XV) e do subtítulo As Predições
(capítulos XVI ao XVIII), a obra precisa ser mais estudada e divulgada.
Embora os
capítulos VI a XII possam requerer mais persistência do leitor, não podemos
esquecer os capítulos IV – Papel da Ciência na Gênese e V – Antigos e modernos
sistemas do mundo e nem dispensar a valiosa Introdução.
Incessante
desejo de fazer o bem
Todavia, para
motivar o leitor, transcrevo parcialmente o item 2 do capítulo XV – Os Milagres
do Evangelho, onde estão os fenômenos ligados à vida de Jesus durante sua
permanência no planeta, como as curas (com diversas descrições e comentários de
Kardec), os sonhos, a estrela dos magos, dupla vista, o beijo de Judas, a pesca
milagrosa, os casos de possessos e das ressurreições da filha de Jairo, do
filho da viúva de Naim; o caminhar sobre as águas, a transfiguração, a
tempestade acalmada, a multiplicação de pães, entre outras maravilhosas
anotações. Submeto ao leitor a referida transcrição parcial, comentando sobre a
superioridade da natureza de Jesus:
“(...) não
podemos deixar de reconhecê-lo um dos de ordem mais elevada, e colocado, por
suas virtudes, muitíssimo acima da humanidade terrestre. Pelos imensos
resultados que produziu, a sua encarnação neste mundo forçosamente há de ter
sido uma dessas missões que a Divindade somente a seus mensageiros diretos
confia, para cumprimento de seus desígnios. (...) como Espírito puro,
desprendido da matéria, havia de viver mais da vida espiritual, do que da vida
corporal, de cujas fraquezas não era passível. (...) Sua alma, provavelmente,
não se achava presa ao corpo, senão pelos laços estritamente indispensáveis. Constantemente
desprendida, ela decerto lhe dava dupla vista, não só permanente, como de
excepcional penetração e superior de muito à que de ordinário possuem os homens
comuns. O mesmo havia de dar-se, nele, com relação a todos os fenômenos que
dependem dos fluidos perispirituais ou psíquicos. A qualidade desses fluidos
lhe conferia imensa força magnética, secundada pelo incessante desejo de fazer
o bem. Agiria como médium nas curas que operava? Poder-se-á considerá-lo
poderoso médium curador? Não, porquanto o médium é um intermediário, um
instrumento de que se servem os Espíritos desencarnados e o Cristo não
precisava de assistência, pois que era ele quem assistia os outros. Agia por si
mesmo, em virtude de seu poder pessoal (...). Que Espírito, ao demais, ousaria
insuflar-lhe seus próprios pensamentos e encarregá-lo de os transmitir? Se
algum influxo estranho recebia, esse só de Deus lhe poderia vir. Segundo
definição dada por um Espírito, ele era médium de Deus”.
Não é
extraordinário pensar no alcance da transcrição acima? Nesses tempos de
desarmonia, de dificuldades atrozes que assolam o planeta, como não pensar no
Modelo e Guia da Humanidade? Como não buscá-lo, segui-lo?
Conforto patente
Por isso
busquemos também os capítulos XVI a XVIII de A Gênese, especialmente para nos
embasarmos nas lições vivas do Evangelho, ali transcritas e comentadas pela
lucidez de Kardec, culminando no último capítulo com a expressiva e
confortadora página A geração nova, em texto estruturado na lógica, no bem e na
patente presença de Jesus junto à humanidade, indicando a natural condução do
amor que nos dirige a caminhada.
Nestes 145 anos
de A Gênese, voltemos a estudá-la e divulgá-la, como ela bem merece, assim como
as demais mais conhecidas.
Orson Peter Carrara
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