JUVENTUDE
Todos sabemos que a juventude no corpo somático
pode ser considerada um amanhecer, todavia, é mister receber a madrugada da
esperança com harmonia interior, a fim de que a esperança não se converta em
taça de conteúdo ácido ou amargo.
Juventude é também entusiasmo. No entanto,
quando o entusiasmo não frui a condição da experiência, se transforma em
loucura e anarquia.
Juventude é bênção. Entretanto, conduzida pela
indisciplina, deixa-se arrastar a lamentáveis perigos.
Juventude é porta de serviço. A porta, porém,
que jaz aberta, ao abandono, se transmuda em valhacouto de salteadores e
vagabundos.
Juventude é igualmente o amanhã. Não obstante,
se o hoje não se edifica sobre os alicerces das ações superiores, o porvir
surge assinalado pelas sombras dos remorsos e arrependimentos tardios quanto
inoperantes.
Assim, convém joeirar desde hoje o solo do
futuro com as ferramentas da ação nobilitante. Indispensável agir dentro da
tônica do Evangelho Restaurado, a fim de que as emoções não desçam ao padrão
das sensações primitivas, nem a inteligência venha a jazer, subalterna, sob os
implementos e impositivos das constrições do passado...
O espírita é alguém que encontrou a rota. Após
achá-la, não se pode permitir a posição insensata ou frívola de quem não
persegue coisa alguma, anulando-se nas ações intempestivas e desastrosas.
O espírita é o ser que descobriu tesouros
inapreciáveis, não se podendo permitir a veleidade de atirar fora as preciosas
gemas ouríferas das oportunidades não fruídas.
Inadiável o dever de seguir e viver o Evangelho
puro de Nosso Senhor Jesus Cristo, na sua beleza e seriedade primitivas,
conforme os impositivos estabelecidos pelo próprio Rabi Galileu, que até hoje
trabalha em regime de tempo integral, a favor da nossa libertação triunfante.
Jesus, hoje, é o mesmo de ontem, ensinando-nos
comportamento austero face às grandes concessões da corrupção hodierna e dos
desajustes de toda ordem que campeiam vitoriosos.
Não nos equivoquemos, nem realizemos a
experiência espiritista, como se nos encontrássemos sob a compulsória de leis
irreversíveis, dominando nossa ignorância. Assumimos um compromisso voluntário
antes do berço, responsabilizando-nos pela desfraldar da bandeira da Boa Nova,
numa Humanidade sedenta de paz, bem como concordamos em reacender a tocha do
Evangelho Vivo, no momento em que dominam as sombras da perturbação, facultando
ao homem entrar em colapso, não obstante as suas conquistas técnicas.
Este momento é, portanto, de integração no
espírito de Cristo.
Não negaceemos ante o dever; não regateemos
esforços.
Integremo-nos na ação libertadora e marchemos
intimoratos e intemeratos, na certeza de que Jesus marcha conosco esperando que
cumpramos com o nosso dever.
Juventude! O meio-dia começa nos primeiros
minutos após a meia-noite, assim como o futuro corre mediante as rodas do
presente. É necessário calçar as sandálias da humildade e plasmar no espírito
que tem sede de amor o código de equidade e de justiça, a fim de que o
arrependimento tardio não assinale as horas futuras, após a impulsividade ou a
intemperança.
Avancemos, portanto, servindo, amando e
instruindo-nos, porque se o serviço fala da qualidade das nossas convicções, se
o amor nos desvela os sentimentos e a instrução nos conduz aos píncaros da
sabedoria, só a caridade, como consequência, são as mãos do Cristo,
transportando-nos à montanha da sublimação evangélica, onde nos integraremos no
vero ideal da felicidade que perseguimos.
Eurípedes Barsanulfo
Ribeirão Preto, SP, em 13 de março de 1971.
(Fonte: Sol de Esperança, de Divaldo Pereira
Franco – Diversos Espíritos).
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