ECOLOGIA E ESPIRITISMO
Cláudia Santos
(matéria publicada na Folha Espírita em
novembro de 2007)
“A Terra produziria sempre o necessário, se com o
necessário soubesse o homem contentar-se. Se o que ela produz não lhe basta a todas
as necessidades, é que ele a emprega no supérfluo o que poderia ser empregado
no necessário”. (O Livro dos Espíritos, capítulo V, Lei de Conservação)
Ao se deparar com o tema Ecologia e Espiritismo, é
muito provável que, em um primeiro momento, muitos de nós nos perguntemos o que
um teria a ver com o outro. De fato, logo de cara, eles não aparentam ser
assuntos correlatos. Mas, analisando a origem de ambos, vemos que, assim como
Ernst Haeckel, cientista alemão que primeiro usou o termo Ecologia e a definiu
como “o estudo da casa ou do lugar onde vivemos”, seu contemporâneo Allan
Kardec, o Codificador do Espiritismo, nos trouxe respostas, através dos
espíritos, sobre as relações entre os seres vivos e o ambiente em que vivem e o
quanto um depende do outro. A partir daí, está dada a resposta: a Ecologia
anda, sim, de braços dados com a Doutrina de Kardec.
“Assim como o conceito de Espiritismo demandou tempo
para ser incorporado, o mesmo ocorreu com a Ecologia, do ponto de vista
científico e filosófico. Há coincidências entre Espiritismo e Ecologia. O
primeiro tem uma visão sistêmica. Por exemplo, demonstra-se que nas diferentes
moradas do Pai existe relação de interação constante entre os mundos, uma
conexão entre diferentes fenômenos. Desdobra-se um olhar que vai além e que
explica a teia, como tudo está conectado. Sabemos que estamos inseridos num
contexto. Que cada um de nós tem companhias nos planos denso e espiritual e vai
tendo uma série de experiências. Sentimo-nos mergulhados em algo maior e
estamos misturados a outros. A visão ecológico-sistêmica tem o mesmo alcance”,
analisa o carioca André Trigueiro, 41, apresentador do programa Cidades e
Soluções, transmitido aos domingos, às 21h30, pela Globonews e Canal Futura, e
que acaba de completar um ano no ar.
Na pergunta 705 de O Livro dos Espíritos, no
capítulo que versa sobre a Lei de Conservação, Kardec, ao questionar a
espiritualidade “por que nem sempre a terra produz bastante para fornecer ao
homem o necessário?”, recebe uma resposta que exemplifica bem o que vivemos
hoje: “É que, ingrato, o homem a despreza! Ela, no entanto, é excelente mãe.
Muitas vezes, também, ele acusa a Natureza do que só é resultado da sua
imperícia ou da sua imprevidência. A terra produziria sempre o necessário, se
com o necessário soubesse o homem contentar-se” (...).
Com essa resposta, a Espiritualidade nos mostra que
o materialismo exarcebado, que o “ter por ter”, cada vez mais presente em um
modelo de desenvolvimento econômico que promove a produção de bens de consumo
sempre mais caros e sofisticados, precisa ser revisto.
O homem começa a perceber, hoje, dados os alardes
sobre o avanço da degradação do planeta, que não há como haver uma produção
ilimitada deles na biosfera, que é finita e limitada. Essa produção e consumo
exagerados esbarram na Ecologia. “O problema é que, em uma sociedade de
consumo, como a nossa, nenhum de nós se contenta apenas com o necessário”,
afirma Trigueiro. “A publicidade encarrega-se de despertar apetites vorazes de
consumo do que não é necessário, daquilo que é supérfluo, descartável e
inessencial, renovando a cada nova campanha a promessa de felicidade que advém
da posse de mais um objeto”, analisa.
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