Carnaval, Carnaval... a festa dos delírios
"Ai, ai, ai, ai, ai...
Está chegando a hora!..."
Aproxima-se mais uma edição
da "festa do delírio", quando são liberadas as fantasias e é
permitido o prazer de viver "os prazeres da carne", a pretexto de
suportarmos, pelo resto do ano, os desprazeres da "vida real". E como
estamos "no país do samba e do carnaval", não temos como escapar da
folia, ainda mais numa era de intensa e irreversível interação digital, pelo
que o assunto permeia nossa casa, nosso cotidiano, nossa mente. É possível
fazer diferente? Será que não temos o direito "humano" de gozar um pouquinho
dessa farra toda? Não seria ou "fanatismo" ou "puritanismo"
demais da parte dos religiosos se esquivar dessas "coisas naturais"?
Afinal, o que é certo e o que é errado em torno do Carnaval?
Bem, quem somos nós para
dizermos o que é certo e o que não é! Em todo o caso, a Doutrina Espírita,
através da sua literatura clássica e das experiências de respeitáveis
confrades, vem nos dar subsídios para nossa reflexão acerca do referido tema, a
fim de cada qual construa sua afirmação consciencial.
Encontramos interessantes
notas, por exemplo, um trecho da fala do Espírito Emmanuel, pela psicografia
por Chico Xavier, nos seguintes termos:
"Nenhum espírito
equilibrado em face do bom senso, que deve presidir a existência das criaturas,
pode fazer a apologia da loucura generalizada que adormece as consciências, nas
festas carnavalescas.
É lamentável que, na época
atual, quando os conhecimentos novos felicitam a mentalidade humana, fornecendo-lhe
a chave maravilhosa dos seus elevados destinos, descerrando-lhe as belezas e os
objetivos sagrados da Vida, se verifiquem excessos dessa natureza entre as
sociedades que se pavoneiam com o título de civilização.
Enquanto os trabalhos e as
dores abençoadas, geralmente incompreendidos pelos homens, lhes burilam o
caráter e os sentimentos, prodigalizando-lhes os benefícios inapreciáveis do
progresso espiritual, a licenciosidade desses dias prejudiciais opera, nas
almas indecisas e necessitadas do amparo moral dos outros espíritos mais
esclarecidos, a revivescência de animalidades que só os longos aprendizados
fazem desaparecer.
Há nesses momentos de
indisciplina sentimental o largo acesso das forças da treva nos corações e, às
vezes, toda uma existência não basta para realizar os reparos precisos de uma
hora de insânia e de esquecimento do dever.
Enquanto há miseráveis que
estendem as mãos súplices, cheios de necessidade e de fome, sobram as fartas
contribuições para que os salões se enfeitem e se intensifiquem o olvido de
obrigações sagradas por parte das almas cuja evolução depende do cumprimento
austero dos deveres sociais e divinos.
Ação altamente meritória
seria a de empregar todas as verbas consumidas em semelhantes festejos, na
assistência social aos necessitados de um pão e de um carinho.
Ao lado dos mascarados da
pseudo-alegria, passam os leprosos, os cegos, as crianças abandonadas, as mães
aflitas e sofredoras. Por que protelar essa ação necessária das forças
conjuntas dos que se preocupam com os problemas nobres da vida, a fim de que se
transforme o supérfluo na migalha abençoada de pão e de carinho que será a
esperança dos que choram e sofrem?
Que os nossos irmãos
espíritas compreendam semelhantes objetivos de nossas despretenciosas opiniões,
colaborando conosco, dentro das suas possibilidades, para que possamos
reconstruir e reedificar os costumes para o bem de todas as almas.
É incontestável que a
sociedade pode, com o seu livre-arbítrio coletivo, exibir superfluidades e
luxos nababescos, mas, enquanto houver um mendigo abandonado junto de seu
fastígio e de sua grandeza, ela só poderá fornecer com isso um eloqüente
atestado de sua miséria moral".
Emmanuel
Psicografado por Francisco
Cândido Xavier em Julho de 1939
Fonte: Portal Luz Espírita
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