Hoje é dia de... Conhecer as obras básicas!
E hoje vamos falar sobre a Revista Espírita, que foi dirigida por Allan Kardec até o seu desencarne.
A Revista Espírita aborda vários assuntos à luz da Doutrina Espírita.
Vale a pena conhecer.
Abaixo compartilhamos um texto sobre a Revista e o que encontramos nela...
Para baixar os volumes da revista, clique aqui.
Abraços fraternos
REVISTA ESPÍRITA
A Revista Espírita
(Revue Spirite – Journal d’Études Psychologiques) já comemorou cento e
cinqüenta anos de sua fundação. Circulou de janeiro de 1858 até abril de 1869,
sob a égide de Allan Kardec. Quando desencarnou, em 31 de março de 1869, o
número de abril já estava composto e foi publicado com sua assinatura. Sua
semente foi lançada em reunião mediúnica na residência do Sr. Dufaux, em
novembro de 1857. A Sra. Ermance Dufaux foi a médium pela qual Allan Kardec
consultou o Espírito a respeito da idéia que alimentava de publicar um jornal
espírita. De pronto recebeu o apoio da Entidade, que deu a ele a seguinte orientação:
[…] De começo, deves
cuidar de satisfazer à curiosidade; reunir o sério ao agradável: o sério para
atrair os homens de Ciência, o agradável para deleitar o vulgo. Esta parte é
essencial, porém a outra é mais importante, visto que sem ela o jornal careceria
de fundamento sólido. Em suma, é preciso evitar a monotonia por meio da
variedade, congregar a instrução sólida ao interesse que, para os trabalhos
ulteriores, será poderoso auxiliar. (Obras Póstumas, 33. ed. FEB, p. 294)
E realmente o foi.
Tornou-se a Revista o instrumento hábil pelo qual o Codificador dialogava com
os novos adeptos da Terceira Revelação e, também, com seus detratores, tornando
o periódico tão interativo quandopossível, objetivando, assim, construir a
unidade de princípios no movimento espírita nascente. Tanto que após dez anos
de circulação, afirmava seu fundador:
A Revista foi, até agora, e não
podia deixa de ser, uma obra pessoal, visto que fazia parte de nossas obras doutrinárias, constituindo
os anais do Espiritismo. Por seu intermédio é que todos os princípios novos
foram elaborados e entregues ao estudo. Era, pois, necessário que conservasse
seu caráter individual, para que se estabelecesse a unidade. (RE, 1868, p. 527)
E isso foi possível
porque o Codificador, dez anos antes, estabelecera que aquele periódico seria
uma tribuna livre onde os mais variados assuntos de interesse do Espiritismo
seriam discutidos sem que houvesse disputa. Ponderava ele:
As inconveniências de linguagem
nunca foram boas razões aos olhos de pessoas sensatas; é uma arma dos que não possuem algo melhor, voltando-se contra
aqueles que dela se servem. (RE, 1858, p. 24) (Grifamos.)
Dessa forma, oferecia
o fundador da primeira revista eminentemente espírita um código de conduta a
ser seguido pelos futuros periódicos de todo o mundo que se dedicassem ao
Espiritismo.
Os 135 números da Revista
Espírita, somando
4.568 páginas redigidas pelo Codificador, conforme originais franceses,
transformaram-se em prodigiosa fonte primária de informações sobre a história
do surgimento, divulgação e implantação definitiva do Espiritismo como doutrina
codificada. Foi ele mesmo quem a indicou como sendo sua leitura indispensável.
No capítulo 3o de O
Livro dos Médiuns sugere
que a ordem ideal de leitura para melhor compreensão do Espiritismo seria O que
é o Espiritismo,
O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns e a Revue Spirite, a esta se referindo nestes termos:
Variada coletânea de
fatos, de explicações teóricas e de trechos isolados, que completam o que se
encontra nas duas obras precedentes, formando-lhes, de certo modo, a aplicação.
Sua leitura pode fazer-se simultaneamente com a daquelas obras, porém, mais
proveitosa será, e, sobretudo, mais inteligível, se for feita depois de O Livro dos
Espíritos.
A leitura criteriosa da Revista Espírita nos dá uma visão
tridimensional da história do Espiritismo como doutrina codificada na fase de
sua estruturação porque:
– tomamos conhecimento da atuação direta
dos Espíritos nas reuniões da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas,
invocados pelo “bom senso encarnado” – no dizer de Camille Flammarion – para
lhes oferecer esclarecimentos e ensinamentos sobre os fatos da vida. A leitura
dos Boletins, publicados na Revista, faz-nos sentir no amplo salão do templo da
Terceira Revelação, ouvindo os médiuns dando passividade aos Espíritos São
Luís, Erasto, São Vicente de Paulo e tantos outros;
– acompanhamos, passo a passo, o hercúleo
trabalho do Professor Rivail fazendo a leitura do mundo e interpretando os
fatos à luz dos ensinamentos dos Espíritos, demonstrando que nada acontecia sem
que houvesse uma explicação dada pela lei de causa e efeito, não se importando
com aqueles que o achavam ingênuo e crédulo;
– mensuramos a reação do público dos
diversos recantos do Planeta onde a Revista era lida, frente à ação segura do
intimorato e lídimo intérprete do Plano Espiritual Superior, alicerçando o
monumento da mensagem de Jesus que se reeditava sob a égide do Espírito de
Verdade, com o nome de Espiritismo.
A manifestação dos Espíritos, a ação de
Kardec e a reação do mundo é a visão tridimensional que o leitor da Revista
Espírita terá da chegada do Espiritismo até nós. Kardec nada oculta do seu
leitor. Na Revue fala dos seus problemas, das suas preocupações, das suas
lutas, frustrações e vitórias dentro e fora do meio espírita. Mantém, o que ele
chama de polêmica útil, desarmando os caluniadores e difamadores da Doutrina e
da sua própria pessoa, argumentando com austeridade, com lógica imbatível e
elegância, mantendo sua fé inabalável no apoio dos seus mentores espirituais.
Tudo isso palpita naquelas páginas e nos dá a impressão de vivermos ao lado do
Codificador, na sua
época…
época…
A Revista Espírita é
obra que completa a Codificação. Todo estudioso do Espiritismo sabe que Kardec
indica, freqüentemente, em seus livros, a consulta àquele periódico.
Questões que não podiam ser desenvolvidas
amplamente em suas obras, sujeitas a limites de espaço, eram na Revue Spirite
analisadas com minúcias. Fazia a leitura do mundo da sua época e do passado,
colhendo temas aparentemente vulgares, sem importância, e interpretava-os do
ponto de vista espírita, enriquecendo-os com sua análise criteriosa, fazendo emergir
suas causas e conseqüências. Escrevia valiosos comentários das leituras que
fazia em livros, folhetins, artigos e documentos literários, filosóficos,
científicos e religiosos, de épocas diversas, desde que contivessem referências
e manifestações dos Espíritos ou princípios, idéias e pensamentos espíritas..
Impossível, portanto, se ter uma noção
completa do Espiritismo sem a consulta à Revista Espírita.
Reconhecendo o grande e rico manancial de
ensinamentos e fatos do Espiritismo e a importância que tinham eles para o
estudioso da Terceira Revelação, em 1868, o incansável Allan Kardec, na edição
de dezembro, dizia aos seus leitores da intenção de publicar “[…] um índice
geral alfabético de todos os assuntos tratados, seja na Revista, seja em nossas
outras obras, de maneira a facilitar as pesquisas.” Mas não o fez, pois o tempo
escasso e o breve retorno à Pátria Espiritual não lhe permitiram.
O seu sonho, no entanto, está sendo
materializado com esta edição. Este índice é um verdadeiro portal alfanumérico
que dá acesso a um enciclopédico mundo de informações construído por Allan
Kardec. São aproximadamente 4.000 entradas principais (descritores) e mais de
13.500 entradas secundárias (detalhamentos) compiladas dos 12 volumes
(1858-1869) e 144 números (considerando-se os 12 números – jan. a dez. de 1869)
da Revista
Espírita.
O leitor terá acesso a detalhes de
assuntos por ele tratados ao longo da formação e desenvolvimento do movimento
espírita. Saberá mais sobre a Codificação e terá ampliado o seu conceito sobre
o Espiritismo, como filosofia, ciência e religião. Tomará contado com diversos
casos noticiados pela imprensa, casos louváveis ou censuráveis que ofereciam
conteúdo para estudos morais sérios à luz do Espiritismo. As mais curiosas
manifestações espíritas, tais como aparições, bicorporeidade, premonições,
vidência, cura mediúnica, obsessão, manifestações físicas pelos Espíritos
batedores, chamadas hoje pelos parapsicólogos de poltergeist, foram registradas
pelo incansável vigilante na Revista Espírita, estando hoje ao seu alcance em
um “piscar de olhos”.
Basta buscar a entrada que lhe interessa,
a palavra ou a expressão que seja do seu interesse, para se deparar com
inúmeros dados a seu respeito, passando a conhecer o pensamento de Kardec e de
seus contemporâneos sobre ela, facilitando a pesquisa e permitindo que divulgue
o Espiritismo com maior riqueza de detalhes e de informações.
Boa pesquisa!
Waldehir Bezerra de Almeida
Brasília (DF), 1º de janeiro de 2008.
Fonte:
FEB
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