Qual é o lugar
do Esperanto no Espiritismo?
LEONARDO CASSANHO FORSTER
A ideia do invisível como mais um entre os inúmeros atores
que influenciam a realidade é algo familiar ao espírita que procura ler e
entender as obras de Kardec e outros livros confiáveis da doutrina. Ele percebe
que os cinco sentidos humanos são insuficientes para
revelar-lhe todos os
fenômenos que o circundam e dançam ao seu redor, desde os mais lentos e suaves
ritmos, aos mais frenéticos e descompassados ruídos, que, em diferentes e sutis
frequências, permeiam todo o universo. É assim com os sons, é assim com as
cores, odores etc. No entanto, ao observar alguns animais, logo percebe que, se
estes, em alguns casos, dispõem dos mesmos instrumentos para perceber o mundo
mais tangível, fazem-no com diferente sensibilidade, interpretando o espaço de
forma diversa do ser humano.
Por esse motivo, ao lançar-se um olhar mais atento aos
múltiplos aspectos dessa complexa realidade, que é a própria Criação, as aulas
escolares de Física certamente são muito valiosas aos buscadores das verdades
espirituais, os quais não descartam a importância da Ciência, procurando
conciliá-la com o entendimento da fenomenologia espírita, uma vez que é do
vocabulário fornecido pela escola terrena que nos valemos tantas vezes para
explicar a relação entre encarnados e desencarnados. Basta procurarmos
contabilizar quantas vezes em uma simples palestra em casa espírita ouvimos
palavras como sintonia, frequência, magnetismo, atração, repulsão, vibração e
fluido.
Não que o uso desses termos seja feito de forma literal,
mas, ao respeitar-se o princípio a que se referem, fornece-se base ao
entendimento a respeito daquilo que, embora seja muito real aos espíritos, é
mais perceptível à nossa intelecção do que aos nossos sentidos.
Por outro lado, como conduta cristã, mais distante,
portanto, do campo da compreensão científica, e mais próximo do campo da
Filosofia e da Religião, o Espiritismo nos propõe a “sintonia” com a Paz, com a
elevação dos sentimentos e com o movimento caritativo em direção ao próximo, de
modo a estabelecermos uma melhor relação intra e interpessoal, na “frequência”
da humildade, da indulgência e do Amor não personalista – imenso desafio,
diga-se de passagem.
Nessa busca de afinar as disposições de nossos pensamentos
com as propostas superiores de ação, um universo de possibilidades vai sendo
revelado a nós, aprendizes da espiritualidade, que encontraremos oportunidade
de servir aos trabalhos do bem dentro daquilo que geralmente está em maior
conformidade com nossas aptidões e gostos. Aqui é uma irmã que faz crochê para
vestir criancinhas, ali um irmão que prepara a sopa fraterna, mais adiante o
preletor que instrui, tendo ao seu lado a artista que sensibiliza e eleva.
Todos trabalhando na imensa orquestra do Criador.
Entre tantos tarefeiros movidos pelo ideal do Bem e do
Discernimento, do Respeito e da Fraternidade, há lugar também ao Esperanto,
servindo na divulgação não somente da doutrina espírita e do Evangelho de
Jesus, mas do próprio Esperanto, expressão também do Evangelho, quando assinala
a importância do respeito ao próximo naquilo que para ele é extremamente
relevante, hoje, na condição de encarnado - que é sua identidade linguística e
cultural. Nesse sentido, Evangelho, Esperanto e Espiritismo compartilham a
mesma frequência e sintonia, propondo uma vibração elevada de entendimento do
Bem.
Então deixamos a pergunta: se o Esperanto é citado em tantas
obras espíritas por orientadores espirituais tão dignos de respeito, não teria
ele também importante papel no campo de atividades que se desenvolvem sob a
tutela do Espiritismo?
Da revista eletrônica O Consolador
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