O
Esperanto no Movimento Espírita Brasileiro
A
iniciativa de chamar a atenção dos espíritas para o Esperanto nós a devemos ao
vulto ímpar de Leopoldo Cirne, quando, no exercício da presidência da
Federação, faz publicar importante manifestação de espíritas franceses a
respeito do idioma que, então, contava apenas 22 anos de existência.
A
argumentação contida nesse documento permanece atualíssima, destacando-se,
sobretudo, um elemento de inspiração mais tarde cabalmente confirmado, isto é,
o fato de que o Esperanto nasceu no plano espiritual para solucionar problema
linguístico lá existente. Juntamente com as mensagens A Missão do Esperanto, do
Espírito Emmanuel, e O Esperanto como Revelação, do Espírito Francisco
Valdomiro Lorenz, ambas recebidas psicograficamente por Francisco Cândido
Xavier, respectivamente em 19.1.40 e 19.1.59, o artigo transcrito em Reformador
de 15 de fevereiro de 1909 compõe a tríade inspiradora das realizações
esperantistas nos círculos espíritas do Brasil.
Eis
a íntegra do escrito da autoria de J. Camille Chaigneau que, segundo
Reformador, havia sido impresso em 1908, na revista de Gabriel Delanne, e
posteriormente reproduzido por La Vie d’Outre Tombe, de Charleroi, com o título
O Esperanto e o Espiritismo:
“O
Esperanto é uma língua artificial criada pelo Dr. Zamenhof, contando aderentes
no mundo inteiro (mais de 80.000) e afirmando a sua vitalidade crescente, os
seus progressos imensos em reuniões de Congressos notáveis, pela sua facilidade
e seus méritos intrínsecos.
Existe
a seu favor um argumento que tudo resolve: é falado.
Não
ameaça qualquer língua nacional e foi escolhido por uma comissão de sábios como
língua auxiliar internacional, recomendável à adoção nos diferentes países. Por
isso, a maior parte dos movimentos de caráter universal começaram a servir-se
do Esperanto.
Os
documentos mais importantes vindos dos mais diversos países do mundo podem ser
concentrados em uma revista comum, e, graças a uma língua neutra, ser postos ao
alcance de todos os que estudam uma mesma ordem de questões. Pensando na
quantidade de fatos que a nós espíritas nos escapam por falta de tradução, na
demora que essa mesma tradução traz à nossa documentação, parece que o
Espiritismo deve ter todo o interesse em constituir uma revista central em que
os fatos mais salientes possam vir grupar-se, graças a uma língua comum a todos
os países.
É
preciso, pois, que o Espiritismo aproveite essas vantagens. Somente o fato de
se servir do Esperanto estabelece um laço fraterno entre todos os esperantistas
e favorece a intercomunicação das doutrinas escritas ou faladas. É de absoluta
utilidade para toda ideia sincera.
A
adesão de uma coletividade ao Esperanto é uma força de engrandecimento para
esta língua, mas, em compensação, essa coletividade goza da força comunicativa
intrinsecamente contida no Esperanto.
Se
quiséssemos procurar a gênese dessa língua, verificaríamos que ela aparece como
um fato de colaboração com o Invisível.
Essa
impersonalidade constitui a sua superioridade; essa assistência faz a sua força
de atração.
Todos
aqueles que trabalham no campo do progresso concorrerão para esta obra tão bela
e tão fecunda à aproximação dos homens. O Esperanto possui a chama da
fraternidade; ele viverá.
Compete
aos espíritas aproveitar as suas aspirações vivificantes e dar-lhes um reforço
de vitalidade.”
*
O
crescimento da família espírita mundial, impondo a necessidade das relações
entre os movimentos de diferentes nações, deu-lhes mais nítida consciência do
problema linguístico com todo o seu cortejo de prejuízos materiais e
espirituais. E o instrumento para que tal obstáculo seja facilmente removido
está às mãos.
Como
seria natural, aos espíritas brasileiros coube a tarefa de, acolhendo a nobre
criação de Zamenhof, cultivá-la, difundi-la, utilizá-la em seus círculos, para
que, no momento oportuno, os confrades de outras terras tivessem facilitada a
sua adoção.
Cumpramos,
pois, agora mais essa etapa do programa relativo ao Esperanto nos círculos do
Espiritismo. Estendamo-lo aos nossos irmãos de outros continentes, façamos dele
a nossa língua comum para as relações internacionais, e certamente conheceremos
um surto de progresso digno de um ideal universalista como é o Espiritismo
Cristão.
Fonte:
Site da FEB
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Ei aí? Que você achou? Comente aqui!