O QUE É
NATUREZA?
Ora,
o que vem a ser a natureza? Ouvi antes a definição do naturalista moderno; diz
ele: A Natureza é o trono exterior do
poder divino. A tal definição juntarei esta, que resume todas as ideias dos
observadores: A Natureza é o poder efetivo do Criador. Atentemos para
esta dupla explicação do mesmo vocábulo que, por uma maravilhosa combinação de linguagem,
representa duas coisas à primeira vista tão diversas.
Efetivamente
a natureza, tal como entendida no primeiro sentido, representa o efeito, cuja
causa é expressa no segundo. Uma paisagem de vastos horizontes, com árvores
frondosas, sob as quais sentimos a vida subir na seiva; uma campina esmaltada
de flores odoríferas e coroada pelo sol: isto se chama Natureza. E se quisermos
designar a força que orienta os astros no espaço e faz germinar na terra o grão
de trigo? É ainda a Natureza. Que a constatação dessas várias denominações seja
para vós uma fonte de profundas reflexões; que sirva para vos ensinar que, se
nos servimos da mesma palavra para expressar o efeito e a causa é que, realmente,
causa e efeito são uma só. O astro atrai o astro no espaço segundo leis
inerentes à constituição do Universo e é atraído com a mesma força que a que
nele reside. Eis a causa e o efeito. O raio solar perfuma a flor, e a abelha aí
vai buscar o mel; aqui, o perfume é ainda efeito e causa. Seja onde for que na
Terra apontais o olhar, podereis constatar esta dupla natureza.
Concluamos
daí que se a Natureza é, como a denominei, a força efetiva de Deus, ao mesmo
tempo é o trono de seu poder; é, simultaneamente, ativa e passiva, efeito e
causa, matéria e força imaterial; é a lei que cria, que governa, que embeleza;
é o ser e a imagem; é a manifestação do poder criador, infinitamente belo, infinitamente
admirável, infinitamente digno da vontade da qual é a mensageira.
Galileu
Revista Espírita – Setembro
de 1862, p. 388
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