Aflição e Tranqüilidade
Bem-aventurados os que
choram... (Mateus, 5:4.)
"Bem-aventurados os que choram" - disse-nos o Senhor
-, contudo, é importante lembrar que, se existe aflição gerando tranqüilidade,
há muita tranqüilidade gerando aflição.
No liminar do berço pede a alma dificuldades e chagas, amargores
e cicatrizes, entretanto, recapitulando de novos as próprias experiências no
plano físico, torna à concha obscura do egoísmo e da vaidade, enquistando-se na
mentira e na delinqüência.
Aprendiz recusando a lição ou doente abominando o remédio, em
quase todas as circunstâncias, o homem persegue a fuga que lhe adiará
indefinidamente as realizações planejadas.
É por isso que na escola da luta vulgar vemos tantas criaturas
em trincheiras de ouro, cavando abismos de insânia e flagelação, nos quais se
desempenham, além do campo material, e tantas inteligências primorosas
engodadas na auréola fugaz do poder humano, erguendo para si próprias masmorras
de pranto e envilecimento, que as esperam, inflexíveis, transposto o limite
traçado na morte.
E é por essa razão que vemos tantos lares, fugindo à bênção do
trabalho e do sacrifício, à feição de oásis sedutores de imaginária alegria
para se converterem amanhã em cubículos de desespero e desilusão, aprisionando
os descuidados companheiros que os povoam em teias de loucura e desequilíbrio,
na Vida Espiritual.
Valoriza a aflição de hoje, aprendendo com ela a crescer para o
bem, que nos burila para a união com Deus, porque o Mestre que te propões a
escutar e seguir, ao invés de facilidades no imediatismo da terra, preferiu,
para ensinar-nos a verdadeira ascensão, a humildade da Manjedoura, o imposto
constante do serviço aos necessitados, a incompreensão dos contemporâneos, a
indiferença dos corações mais queridos e o supremo testemunho do amor em plena
cruz da morte.
Livro Ceifa de Luz de Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido
Xavier. Cap. 27.
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