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domingo, 14 de agosto de 2016

Dos animais aos meninos



Dos animais aos meninos
Meu pequeno amigo:
Ouça.
Não nos faça mal, nem nos suponha seus adversários.
Somos imensa classe de servidores da Natureza e criaturas igualmente de Deus.
Cuidamos da sementeira para que lhe não falte o pão, ainda que muitos de nossa família, por ignorância, ataquem os grelos tenros da verdura e das árvores, devorando germens e flores. Somos nós, porém, que, na maioria das vezes, garantimos o adubo às plantações e defendemo-las contra os companheiros daninhos.
Se você perseguir-nos, sem comiseração por nossas fraquezas, quem lhe suprirá o lar de leite e ovos?
Não temos paz em nossas furnas e ninhos, obrigados que estamos a socorrer as necessidades dos homens.
Você já notou o pastor, orientando-nos cuidadosamente? Julgávamo-lo, noutro tempo, um protetor incondicional que nos salvava do perigo por amor e lambíamos-lhe as mãos, reconhecidamente. Descobrimos, afinal, que sempre nos guiava, ao fim de algum tempo, até ao matadouro, entregando-nos a impiedosos carrascos. Às vezes, conseguíamos escapar por momentos, tornando até ele, suplicando ajuda, e víamos, desiludidos, que ele mesmo auxiliava o verdugo a enterrar-nos o cutelo pela garganta a dentro.
A princípio, revoltámo-nos. Compreendemos, depois, que os homens exigiam nossa carne e resignamo-nos, esperando no Supremo Criador que tudo vê.
As donas de casa que comumente nos chamam, gentis, através de currais, pocilgas e galinheiros, conquistam-nos a amizade e a confiança, para, em seguida, nos decretarem a morte, arrastando-nos espantados e semi-vivos à água fervente.
Não nos rebelamos. Sabemos que há um Pai bondoso e justo, observando-nos, de certo, os padecimentos e humilhações, apreciando-nos os sacrifícios.
De qualquer modo, todavia, estamos inseguros em toda parte. Ignoramos se hoje mesmo seremos compelidos a abandonar nossos filhinhos em lágrimas ou a separar-nos dos pais queridos, a fim de atendermos à refeição de alguém.
Por que motivo, então, se lembrará você de apedrejar-nos sem piedade?
Não nos maltrate, bom amigo.
Ajude-nos a produzir para o bem.
Você ainda é pequeno e, por isto mesmo, ainda não pode haver adquirido o gosto de matar. Não é justo, assim, colocarmo-nos de mãos postas, ante o seu olhar bondoso, esperando de seu coração aquele amor sublime que Jesus nos ensinou?

Neio Lúcio, do livro Alvorada Cristã

quarta-feira, 27 de julho de 2016

A conta da vida



A conta da vida



Neio Lúcio 



Quando Levindo completou vinte e um anos, a Mâezinha recebeu-lhe os amigos, festejou a data e solenizou o acontecimento com grande alegria.



No íntimo, no entanto, a bondosa senhora estava triste, preocupada.



O filho, até à maioridade, não tolerava qual­quer disciplina. Vivia ociosamente, desperdiçando o tempo e negando-se ao trabalho. Apren­dera as primeiras letras, a preço de muita dedi­cação materna, e lutava contra todos os planos de ação digna.



Recusava bons conselhos e inclinava-se, fran­camente, para o desfiladeiro do vício.



Nessa noite, todavia, a abnegada Mãe orou, mais fervorosa, suplicando a Jesus o encaminhasse à elevação moral. Confiou-o ao Céu, com lágrimas, convencida de que o Mestre Divino lhe ampararia a vida Jovem.



As orações da devotada criatura foram ouvidas, no Alto, porque Levindo, logo depois de arrebatado pelas asas do sono, sonhou que era procurado por um mensageiro espiritual, a exibir largo documento na mão.



Intrigado, o rapaz perguntou-lhe a que devia a surpresa de semelhante visita.



O emissário fitou nele os grandes olhos e respondeu:



— Meu amigo, venho trazer-te a conta dos seres sacrificados, até agora, em teu proveito.



Enquanto o moço arregalava os olhos de assombro, o mensageiro prosseguia:



— Até hoje, para sustentar-te a existên­cia, morreram, aproximadamente, 2.000 aves, 10 bovinos, 50 suínos, 20 carneiros e 3.000 peixes diversos. Nada menos de 60.000 vidas do reino vegetal foram consumidas pela tua, relacionan­do-se as do arroz, do milho, do feijão, do trigo, das várias raízes e legumes. Em média calculada, bebeste 3.000 litros de leite, gastaste 7.000 ovos e comeste 10.000 frutas. Tens explorado fartamente as famílias de seres do ar e das águas, de galinheiros e estábulos, pocilgas e redis. O preço dos teus dias nas hortas e pomares vale por uma devastação. Além disto, não relacio­namos aqui os sacrifícios maternos, os recursos e doações de teu pai, os obséquios dos amigos e as atenções dos vários benfeitores que te rodeiam. Em troca, que fizeste de útil? Não restituíste ainda à Natureza a mínima parcela de teu débito imenso. Acreditas, porventura, que o centro do mundo repousa em tuas necessidades individuais e que viverás sem conta nos domínios da Cria­ção? Produze algo de bom, marcando a tua pas­sagem pela Terra. Lembra-te de que a própria erva se encontra em serviço divino. Não permitas que a ociosidade te paralise o coração e desfigure o espírito!...



O   moço, espantado, passou a ver o desfile dos animais que havia devorado e, sob forte espanto, acordou...



Amanhecera.



O   Sol de ouro como que cantava em toda parte um hino glorioso ao trabalho pacífico.



Levindo escapou da cama, correu até à ge­nitora e exclamou:



— Mãezinha, arranje-me serviço! arranje-me serviço!...



   Oh! meu filho — disse a senhora num transporte de júbilo —, que alegria! como estou contente!... que aconteceu?



E o rapaz, preocupado, informou:



— Nesta noite passada, eu vi a conta da vida.



Daí em diante, converteu-se Levindo num homem honrado e útil.





 Página psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier, constante do cap. 17 do livro Alvorada Cristã.